A história de Fernão Dias contada por um membro da ABL no secular Mosteiro de São Bento

O Desembargador e 3º Vice-Presidente do TJMG, Rogério Medeiros, também Membro Correspondente da Academia Barbacenense de Letras, apresentou a história de Fernão Dias Pais numa conferência realizada neste sábado (14), no Mosteiro de São Bento, que fica no centro histórico de São Paulo, capital.

A promoção foi do Instituto Histórico de São Paulo em conjunto com o Instituto Histórico de Minas Gerais e Mosteiro de São Bento, em ações que comemoram os “350 anos da partida da Bandeira de Fernão Dias da Vila de São Paulo para Minas Gerais”. Medeiros afirmou que “História se faz com isenção, fatos não podem cancelados, apenas exaltados ou criticados”.

Confira alguns trechos da palestra de Rogério Medeiros:

“Fernão Dias (1608-1681) foi um bandeirante paulista celebrizado pela alcunha “O Caçador de Esmeraldas”. Era nascido na vila de São Paulo de Piratininga, em 1608. Descendia dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente.

Costumeiramente designado Fernão Dias Pais Leme, seu nome completo era apenas Fernão Dias Pais”.

“No início século XVII, o pequeno povoado de São Paulo era uma vila. A Serra do Mar a isolava do litoral. Em contraste com o Nordeste açucareiro, enriquecido pela exportação agrícola, São Paulo produzia víveres para seu próprio consumo. Destacava-se pelo comércio com o Nordeste de mão de obra indígena, destinada ao trabalho cativo na indústria açucareira”.

“O açúcar brasileiro entrou em decadência no século 17, quando os holandeses iniciaram o cultivo da cana-de-açúcar nas Antilhas. Nessa nova conjuntura, o governo português passou a financiar as bandeiras e a conceder títulos e privilégios aos bandeirantes, como forma de estimular a busca pelas grandes minas”.

“Fernão Dias foi importante personagem daquele período. Em 1674, empreendeu uma grandiosa expedição, composta por seus filhos Garcia Rodrigues Pais e José Dias Pais; seu genro, Manuel Borba Gato; e muitos indígenas. Foram atraídos pela lenda das esmeraldas de Sabarabuçu”.

“De 1674 a 1681, durante sete anos a bandeira explorou uma extensa área do interior de Minas Gerais. Diversos dos seus integrantes, contudo, desistiram da jornada e regressaram a São Paulo”.

“Não obstante, alguns historiadores se arriscaram a traçar a trajetória da bandeira. Ainda no atual Estado de São Paulo, passou por Taubaté, Pindamonhangaba e Guaratinguetá; venceu a Serra do Mar e alcançou as terras altas da Mantiqueira; entrou em Minas Gerais por Passa Quatro; seguiu por Pouso Alto, Baependi (“pouso bom” ou “alegre”, em tupi-guarani) e Cruzília; atravessou os rios Verde e Grande; atingiu Ibituruna (“serra negra”, em tupi-guarani), possivelmente o primeiro arraial de Minas”.

“Fernão Dias teria permanecido seis meses em Ibituruna. Posteriormente, alcançou Lagoa Dourada e Belo Vale (às margens do Rio Paraopeba); cruzou a Serra da Moeda; chegou às imediações de Betim e Lagoa Santa; estacionou na Quinta do Sumidouro, pequena localidade às margens do Rio das Velhas, pertencente ao distrito de Fidalgo (hoje município de Pedro Leopoldo)”.

“Em 1681, Fernão Dias iniciava o seu regresso para São Paulo, mas morreu nas proximidades do rio das Velhas. Há relatos de que encontrara pedras preciosas. Imaginou fossem esmeraldas; mas eram turmalinas, menos valiosas”.

 

NOTA DA REDAÇÃO: A palestra completa será publicada pelo Instituto Histórico de São Paulo.

 

NOVIDADES FORA DOS AUTOS – O Magistrado Rogério Medeiros é um dos juristas mais renomados de Minas Gerais nesta atual geração. Como escritor ele prepara seu próximo livro, “Fora dos Autos”, pela Editora Juruá. “Fora dos Autos” reúne crônicas, ensaios biográficos e literários, prosa poética e outros textos, explicou.

“O livro ‘Redes sociais em prosa e verso’, que lancei no início de 2024, é mais confessional. Revelo muito da minha vida, minhas origens, formação e maneira de enxergar o mundo. Em ‘Fora dos autos’ falo mais de outras pessoas. Gente que admiro, como Machado de Assis, Cervantes, Shakespeare, Victor Hugo, Fernando Sabino, Vargas Llosa e outros. E reúno escritos reflexivos sobre a vida, o Direito, o ‘jeitinho’ brasileiro etc”, concluiu.