Edson Brandão
O que ela sabia fazer com maestria e arte era tecer…
Se nos dias quentes o sol inclemente queimava sua pele, ela tecia fios grossos, a maneira de galhos de uma árvore frondosa e se protegia,
Se nos dias frios, o vento lhe trazia desalento, ele tecia o manto confortável do abrigo.
Quando tinha fome tecia peixes dourados e uvas verdes e rubras que a nutriam de esperança e fé…
Tecendo a vida, descobriu que poderia tecer uma casa, uma porta, um jardim…
Tecendo os sonhos, bordou em lençóis brancos a figura de seu companheiro de vida,
Em delicadas toalhas teceu seus filhos, desenhados fio por fio…uma menina e um menino…
Muitas vezes errou os pontos do bordado e com tesouras e coragem desfez as tramas e recomeçou a tecer com resignação e fé…
Mesmo depois de muitos anos, com olhos e mãos cansadas nunca parou de tecer…
O fios e linhas que a vida lhe presenteava, seriam inúteis se ela não fosse tão dedicada na arte de tecer e coser com habilidade cada ponto da colcha de retalhos que daria conforto à sua existência terrena e depois lhe serviria de mortalha, na sua vida eterna…
A Mulher real é isso: tecelã da vida, pacientemente costurando cada ponto da casa, da família, das relações sociais, enfim, tecendo a vida como é ou como deveria ser.
No Dia Internacional da Mulher, nosso respeito e carinho para as tecelãs da vida.
EDSON BRANDÃO (TEXTO INSPIRADO NA OBRA DA ESCRITORA MARINA COLASSANTI, QUE NOS DEIXOU NO DIA 28 DE JANEIRO DE 2025.)