Livres ou Cativos?

Luciano Alencar

Luciano Alencar (Membro da Academia Barbacenense de Letras) 

 

            O tema liberdade e a escravidão é antigo e perdura até hoje, trazendo grandes desafios para o nosso aprendizado.

            Somos livres por termos a liberdade de pensar, sentir, escolher e agir.

            Somos cativos por termos que assumir todas as consequências de nossos pensamentos, sentimentos, escolhas e ações.

            Somos livres quando o poder, a riqueza ou a beleza não nos dominam.

            Somos cativos quando nos submetemos aos impositivos dos poderosos, ricos ou belos, sendo subservientes a eles.

            Somos livres quando conseguimos administrar os bens e recursos que temos, beneficiando a nós, nossas famílias e a humanidade.

            Somos cativos quando os bens e recursos nos possuem e nos fazem de seus servos.

            Somos livres quando usamos todo nosso potencial espiritual, sentimentos, inteligência, racionalidade, intuição, inspiração, para a edificação do bem em toda parte.

            Somos cativos quando canalizamos as nossas potências para a satisfação de interesses meramente individuais.

            Somos livres quando sabemos utilizar as nossas energias para gerar e regenerar, criar e renovar, produzir e multiplicar algo útil para a sociedade.

            Somos cativos quando usamos tais energias para nos manter na prisão do orgulho, da vaidade, sob o julgo do egoísmo.

            Somos livres quando nos desapegamos das coisas, dos preconceitos, das ideias cristalizadas, das coisas e das pessoas que estão ao nosso lado temporariamente.

            Somos cativos quando o apego é o grilhão que nos prende naquilo que é  transitório.

            Somos livres quando o povo exerce o seu poder através do Estado.

            Somos cativos quando os poderosos manipulam o Estado, impondo ao povo uma condição servil.

            É possível prender uma pessoa, mas nunca conseguiremos cercear a sua capacidade de sentir e pensar, pois as faculdades humanas que não conhecem limites ou cadeias.

            Contudo, a dualidade entre liberdade e escravidão é aparente, uma vez que se observarmos bem, ambas são relativas, pois não somos totalmente livres e tampouco completamente escravos, em face da nossa impermanência e imortalidade.

            Enfim, liberdade relativa existe quando nos guiamos pela nossa natureza de Espíritos Imortais que somos; escravidão relativa existe quando somos governados pela transitoriedade que nos domina na dimensão daquilo que chamamos de matéria.

 

Luciano Alencar da Cunha está advogado, professor, empresário e produtor rural.