Palestra resgata literatura médica sobre doenças que acometiam populações escravizadas

Projeto “Sexta Cultural” inicia série de palestras sobre história da medicina, em parceria da Faculdade de Medicina de Barbacena com o Centro de Memória Belisário Pena

por Edson Brandão

Será nesta sexta-feira, dia 31 de março, às 17 horas, no auditório da Faculdade de Medicina de Barbacena, a abertura da série “Sexta Cultural”, projeto de extensão da FAME, em parceria com Centro de Memória Belisário Pena, que promoverá mensalmente uma palestra sobre temas ligados à saúde e a história da medicina. Segundo a Dra. Marta Imbroinise da Fonseca, atual presidente do Centro de Memória, a programação é voltada para os interessados em Medicina, História e além dos acadêmicos e profissionais de saúde é aberta ao público em geral.
Para a abertura da programação, que ocorrerá nas últimas sextas-feiras de cada mês, o médico e historiador Geraldo Barroso de Carvalho falará sobre o conteúdo do seu livro mais recente: “Uma visão sobre as enfermidades dos negros” (Editora Graphar, 2019), que na verdade é um estudo crítico de uma obra escrita em 1776, pelo médico francês Jean Barthèlemy Dazille, que estudou as doenças que mais acometiam as pessoas escravizadas nas colônias francesas, e que acabou por se transformar em um tratado de medicina utilizado em vários países, inclusive no Brasil Colônia. A obra ganhou uma tradução em português feita por Antônio Vieira de Carvalho, em 1801, um médico que atuava em Minas Gerais, no final do chamado Ciclo do Ouro.

Médico fez estudo sobre as doenças de Aleijadinho

Nascido no município de Cipotânea, Geraldo Barroso de Carvalho, concluiu o curso secundário em Ouro Preto, onde teve os primeiros contatos com a obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Após formar-se em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Barroso especializou-se em Dermatologia e Hansenologia ( especialidade que trata a Lepra). Desde então, passou a aliar os conhecimentos médicos com a história e já publicou seis livros. O principal deles é “Doenças e Mistérios de Aleijadinho”, estudo sobre as doenças que afetaram o mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, inspirado no trabalho de 1971, do médico e bioquímico Paulo da Silva Lacaz, então professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que observou que os ossos do artista exibiam uma coloração castanho avermelhada, típica dos portadores de porfiria. Como o Dr. Lacaz faleceu antes de obter dados conclusivos da pesquisa, Barroso resolveu proceder, no ano de 1988, a uma nova exumação dos despojos de Aleijadinho, porém, valendo-se de novas tecnologias podendo assim, confirmar as hipóteses lançadas 30 anos antes. Pela importância da sua obra na historiografia mineira, o Dr. Geraldo Barroso é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Academia Mineira de Medicina e das Academias de Letras de Barbacena e Valença, Rio de Janeiro. É também um dos organizadores do Encontro dos Pesquisadores do Caminho Novo, que em 2023, acontecerá em Ouro Preto, MG.
O projeto “Sexta Cultural” tem entrada franca.