Sem eira e nem beira

André Paolucci

 

Noite qualquer.

Janela fechada.

Ela não ouviu a serenata.

Nem jogou as tranças da Rapunzel.

Ele vai embora.

Violão nas costas.

Sem versos e nem beijos.

Noite suja.

Absinto, charutos e alucinações.

Sarjeta do botequim.

Na luz opaca do poste, pirilampos!

Ele ainda rabisca versos de agouro.

Escárnio e maldizer pela musa temporária.

E vai em frente na vida

Sozinho, incompreendido e taciturno.

Numa meia-vida boêmia.

Encurtando os dias.

Alongando as noites.

Nos braços da fada verde

 

Poema de André Paolucci, Membro da Academia Barbacenense de Letras, ocupando a cadeira número 4.