Sete trovas declamadas no teatro do santuário de Dodona (Grécia), dedicado a Zeus. As trovas foram criadas aos pés do Monte Olímpio, para oferecer em sacrifício um sapo fotografado numa fonte de Dion, por JGHeleno, em 26 de maio 2023.
Deixo-lhe minha oferenda
antes do fim do dia,
e espero, Zeus, que entenda
esta minha ousadia.
Sendo velho e até decano,
não posso caçar pantera…
Zeus me entende- tão humano –
como Dioniso ou Hera.
Pra não sacrificar gente,
trago, pois, de sangue frio,
um bicho bem diferente
que colhi em teu próprio rio.
E ao ofertar-te um sapo
das barras do monte Olímpio,
do destino eu não escapo
de ser pio e não ser ímpio.
Como do altar tropical
não pude trazer carneiro…
este anfíbio do brejal
lho trouxe, em cor, brasileiro.
Estando em campo sagrado
das margens do monte Olimpo,
há de ser do teu agrado
a oferta de um sapo limpo.
E ao voltar ao Brasil
que jamais eu siga pego
como boi sob o canzil,
porém livre quanto o grego.
(JGHeleno, Grécia, 26/05/2023)
José Geraldo Heleno é membro da Academia Barbacenense de Letras, cadeira 26.
